Lula Deverá Repetir Exames Após Acidente Doméstico e Lesão na Cabeça

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá realizar novos exames de neuroimagem após sofrer uma queda no banheiro do Palácio do Planalto no último sábado (19), que resultou em uma lesão na região occipital da cabeça.

Lula, de 78 anos, sofreu um ferimento corto-contuso, que exigiu pontos na parte posterior do crânio, uma área responsável pela percepção visual. De acordo com seu médico, Roberto Kalil Filho, o presidente teve uma pequena hemorragia cerebral, mas não apresentou sinais mais graves, como perda de consciência. O presidente está sendo monitorado e deverá repetir exames ao longo da semana para assegurar que o sangramento não evolua.

Devido ao acidente, Lula não poderá participar presencialmente da Cúpula dos BRICS, que será realizada em Kazan, na Rússia, e deverá acompanhar o evento por videoconferência. Médicos alertaram para os riscos de aumento de pressão intracraniana, especialmente em pacientes idosos, o que torna inviável uma viagem de longa distância no momento. O presidente está liberado para continuar trabalhando, mas deverá evitar atividades físicas mais intensas.

Acidente e Primeiros Atendimentos

Segundo o boletim médico divulgado, o acidente ocorreu quando Lula estava no Palácio do Alvorada, acompanhado da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. Após o tombo, o presidente foi levado ao Hospital Sírio-Libanês em Brasília, onde foi atendido e submetido a uma série de exames para verificar a extensão da lesão. Médicos confirmaram que, além do ferimento externo, houve uma leve hemorragia cerebral, condição que requer monitoramento contínuo para evitar complicações.

O neurocirurgião Luiz Severo, especialista em dor, explicou que o tipo de ferimento sofrido por Lula, denominado corto-contuso, indica a presença de pequenos sangramentos no cérebro, que, embora benignos, devem ser acompanhados de perto. “Quando o paciente é idoso, os tecidos e vasos sanguíneos são mais frágeis, o que aumenta o risco de sangramentos intracranianos”, afirmou Severo.

Lula, que tem 78 anos, se enquadra no grupo de risco devido à idade e será monitorado pelas próximas 72 horas, período considerado crítico para a evolução do sangramento. Segundo os médicos, é essencial que o presidente descanse e evite atividades que possam elevar a pressão no crânio, o que inclui a recomendação de não realizar viagens de longa distância neste momento.

Cancelamento de Viagem e Participação nos BRICS

Por orientação médica, Lula cancelou sua viagem à cidade de Kazan, na Rússia, onde participaria da Cúpula dos BRICS entre os dias 22 e 24 de outubro. Inicialmente, o presidente planejava representar o Brasil presencialmente no evento, que contará com a presença de líderes globais, como o presidente da China, Xi Jinping, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. No entanto, após o acidente, os médicos recomendaram que Lula evite voos longos, uma vez que uma viagem ao local pode durar cerca de 17 horas.

Apesar do cancelamento da viagem, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) confirmou que o presidente participará das discussões da cúpula por videoconferência, diretamente do Palácio do Planalto. Na reunião, os líderes do BRICS discutirão temas econômicos e geopolíticos globais, com foco em questões como cooperação financeira e política entre os países membros.

Protocolos Médicos e Riscos Envolvidos

De acordo com Roberto Kalil Filho, o acompanhamento médico de Lula segue o protocolo padrão para casos de traumatismo craniano leve, especialmente em pacientes idosos. Os primeiros exames realizados no domingo indicaram que o sangramento não evoluiu, o que foi considerado um sinal positivo pelos médicos. No entanto, o presidente deverá passar por novas avaliações ao longo da semana para verificar se houve alterações no quadro.

Kalil explicou que o principal risco associado a esse tipo de lesão é o aumento do sangramento intracraniano, que pode formar coágulos e, eventualmente, comprimir o cérebro. “Mesmo que o sangramento seja pequeno, em pacientes idosos é fundamental realizar o monitoramento contínuo, pois a evolução pode ser rápida”, disse o médico.

Além do risco de sangramento, os especialistas também alertaram para a possibilidade de formação de um hematoma subdural, que ocorre quando o sangue se acumula na área entre o crânio e o cérebro. Essa condição pode levar dias ou até semanas para se manifestar, o que exige um acompanhamento prolongado do quadro clínico de Lula.

Prevenção e Cuidado com Idosos

O acidente sofrido por Lula também chamou atenção para os riscos comuns de quedas entre pessoas idosas. Segundo a geriatra Maisa Kairalla, membro da Câmara Técnica de Geriatria do Cremesp, quedas em banheiros são bastante frequentes em idosos, especialmente devido ao piso molhado e à falta de barras de apoio adequadas. “Cerca de 40% das pessoas acima de 80 anos caem pelo menos uma vez por ano”, disse Kairalla, citando dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia.

A médica ressaltou que, para idosos, quedas podem resultar em complicações graves, como fraturas de quadril e traumatismos cranianos. Ela destacou a importância de adaptar o ambiente doméstico para reduzir esses riscos, incluindo a instalação de barras de apoio nos banheiros, pisos antiderrapantes e a remoção de tapetes soltos.

Além disso, Kairalla mencionou que, no caso específico de Lula, o risco de fratura no quadril poderia ter sido maior se o presidente não tivesse passado por uma cirurgia de prótese de quadril, realizada recentemente para tratar uma artrose. Com a prótese, a região ficou mais estável, o que pode ter evitado uma complicação mais séria na queda.

Situação Atual e Agenda de Governo

A Secretaria de Comunicação da Presidência informou que Lula seguirá com sua agenda de governo nesta semana no Palácio do Planalto, mas em ritmo reduzido e sem atividades físicas. Além da participação na Cúpula dos BRICS por videoconferência, o presidente deverá realizar reuniões internas e acompanhar de perto o andamento de projetos governamentais.

A equipe médica permanecerá atenta ao estado de saúde de Lula, monitorando seu progresso através de novos exames de neuroimagem. Segundo os médicos, o foco é garantir que não haja evolução do quadro e que o presidente possa retornar gradualmente às suas atividades regulares sem riscos adicionais.

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