PIB Chinês e Eleições nos EUA Elevam o Dólar para R$ 5,69 e Puxam o Ibovespa para Baixo

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A economia global passou por uma semana marcada pela volatilidade nos mercados financeiros, com a cotação do dólar chegando a R$ 5,69.

Seu maior valor desde agosto, e o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), caindo para 131.359 pontos, uma baixa de 0,19%.

Os principais fatores que influenciaram esse cenário foram a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) da China e as eleições presidenciais dos Estados Unidos, que aumentaram as incertezas econômicas globais.

Dólar Atinje Maior Valor Desde Agosto

A moeda americana teve uma valorização significativa de 0,68% nesta sexta-feira, alcançando R$ 5,69, o maior patamar em dois meses. Na semana, o dólar acumulou alta de 1,49% e, no acumulado de outubro, já registra um aumento de 4,86%. Em 2024, a valorização da divisa americana sobre o real chega a 17,92%. A cotação do dólar turismo também acompanhou esse movimento, fechando em R$ 5,90. Esse aumento foi impulsionado pela percepção de risco global, além de outros fatores como o crescimento econômico da China e a proximidade das eleições americanas.

O cenário político nos Estados Unidos também contribuiu para a valorização da moeda americana. Com as eleições presidenciais marcadas para 2024, as chances de Donald Trump vencer a corrida eleitoral geraram maior demanda por dólares. Isso porque a moeda é vista como um ativo de refúgio seguro em momentos de incerteza política e econômica, principalmente com a possibilidade de políticas protecionistas e inflacionárias, como a elevação de tarifas comerciais, em caso de vitória de Trump.

PIB Chinês e Impacto Global

Um dos fatores que influenciou o mercado cambial e de ações foi a divulgação do crescimento econômico da China. O PIB chinês cresceu 4,6% no terceiro trimestre de 2024, levemente acima das expectativas do mercado, mas abaixo do trimestre anterior (4,7%). Embora o número tenha superado a previsão de 4,5%, ele reflete uma desaceleração em relação aos trimestres anteriores, principalmente por conta das dificuldades enfrentadas pelo setor imobiliário e pela demanda interna fraca.

A China é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, com grande influência sobre o preço de commodities como petróleo, minério de ferro e soja. Quando a economia chinesa desacelera, os efeitos são sentidos no Brasil, especialmente em setores dependentes das exportações para o gigante asiático. Mesmo com sinais de recuperação, como o crescimento de 3,2% nas vendas do varejo em setembro e uma queda no índice de desemprego urbano para 5,1%, ainda há ceticismo sobre uma recuperação sustentável da economia chinesa.

Desempenho do Ibovespa

Em resposta às incertezas no cenário internacional, o Ibovespa fechou a semana com uma leve queda de 0,19%, atingindo 131.359 pontos. Na semana, o índice acumulou ganhos de 0,39%, mas no mês de outubro ainda registra uma queda de 1,00%. As principais quedas do índice vieram de empresas ligadas ao setor de commodities, como a Petrobras, que viu suas ações PETR3 caírem 0,74% para R$ 40,29 e PETR4 perderem 0,46%, fechando em R$ 36,76.

A queda no preço do petróleo foi um dos principais responsáveis pelo desempenho negativo do Ibovespa. O barril do Brent, referência internacional, recuou 1,87%, fechando a US$ 73,06, enquanto o WTI caiu 2,00%, para US$ 68,69. A cotação da commodity acumula perdas de 10% em 2024, pressionada por expectativas de uma demanda menor da China, bem como pela possibilidade de aumento na oferta por parte da Arábia Saudita.

Incertezas Sobre o Cenário Fiscal Brasileiro

Além dos fatores externos, o cenário interno também influenciou o mercado financeiro. A deterioração das contas públicas brasileiras tem gerado maior cautela entre os investidores. A Instituição Fiscal Independente (IFI) projeta que a dívida pública bruta do Brasil pode atingir 84,1% do PIB até 2026, caso o governo federal não implemente medidas mais rígidas de contenção de gastos. Atualmente, a dívida está em 78,6%, e essa expectativa aumenta a percepção de risco sobre a economia brasileira【8†source】.

A expectativa do mercado está focada nas próximas ações do governo em relação ao cumprimento das metas fiscais estabelecidas pelo novo arcabouço fiscal. O mercado aguarda sinais mais concretos sobre como o governo pretende equilibrar suas contas nos próximos anos, uma vez que o controle da dívida pública é fundamental para manter a confiança dos investidores e a estabilidade econômica do país.

Expectativas para o Futuro

Para os próximos meses, o cenário permanece incerto. As eleições nos Estados Unidos continuarão a influenciar o mercado cambial, com o dólar oscilando conforme as chances de vitória de Donald Trump aumentam ou diminuem. Além disso, a política monetária do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, também será um fator determinante. Se o Fed decidir não reduzir as taxas de juros em sua próxima reunião, isso poderá colocar ainda mais pressão sobre as moedas de mercados emergentes, incluindo o real.

No Brasil, a atenção dos investidores está voltada para o controle fiscal e as medidas do governo para evitar um aumento ainda maior da dívida pública. Enquanto isso, os impactos da economia chinesa continuarão a ser sentidos no mercado de ações, principalmente em setores dependentes de commodities. A recuperação da China será um ponto-chave para o desempenho do Ibovespa e para a estabilidade do câmbio no Brasil.

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